sábado, 19 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

Eis que chegou a altura de mostrarmos o que somos pelo que oferecemos. Grandes pessoas, caras prendas.

O Natal tem uma escala, uma hierarquia próprias, rima com Centro Comercial, é fraudolento, enganador nas "promoções", tudo apela à compra desenfreada. O Natal, na sua verdadeira acepção já não existe. Tudo foi tragado pela voragem comercial, pela opulência, pelo ser mais do que se tem.

Os cartões de crédito vão bater no fundo para levarmos o resto do ano (muitas vezes em dois anos) a pagar. E para quê? Para brilhar nesta feira de vaidades, para se ser bem visto.

O melhor que podemos dar já nem sabemos onde encontrar, mas está dentro de nós. Tudo o que de bom tivermos, que demos. Há-de ser-nos pago a dobrar se for o caso, ou seremos desprezados. E que interessa se formos? Ficamos melhor se COMPRARMOS os outros com dinheiro? Isso apenas mostra o que somos: utilitários. Natal é quando um homem quiser, diz o poeta e diz-nos o coração. Aproveitemos para dar o que temos de melhor em nós, vejamos as respostas, faremos as contas aos amigos verdadeiros.

Assumamos que o desemprego é fogo que nos consome, que o custo de vida é um monstro, que podemos deixar dívidas para outros pagarem se nos acontecer alguma coisa.

Tenhamos um Natal Real, pensemos nos outros e sobretudo, não façamos "caridadezinha" só porque é Natal e a televisão nos bombardeia com anúncios, os telemóveis nos oferecem empréstimos tão aliciantes, e as lojas entram em "promoção", "saldos", "descontos".

Dá o que tens de mais autêntico: um pedaço de ti!

E abre a porta aos amigos e visitantes. Oferece da tua mesa.

Sei que tenho amigos porque sou procurada. No meio da noite, há anos por amigos e amigas, vizinhos e no meio deles, uma cheia de frio, cheirando a esturme que diz logo à entrada: " Não estou capaz de nada, mas tenho fome!" E trás consigo palha no cabelo.

Cuidado com o Natal, cuidado com o futuro.

Em nome do Bloco, embora tenha referido experiência pessoal, desejo a todos um Natal Real, cheio de amizade, afecto, carinho, isso é que são prendas!



JOSEFINA BATISTA